Aqui o artigo que saiu na
revista Superinteressante por causa do filme 21 Gramas, citado no post passado.
Ao que tudo indica, o estudo do cientista era uma furada, mas rendeu inspiração
para a ficção, inegavelmente. Lembrei dele porque meu filho quando nasceu
estava na casa dos gramas, ou seja, mais próximo do peso da alma, segundo essa
loucura toda.
Parece
assunto de filosofia, espiritismo ou lenda urbana, mas o título do filme 21
Gramas, do mexicano Alejandro González Iñárritu, vem mesmo é de um experimento
real, feito em 1907 por um cientista esquisitão, desses que não se encontram
todo dia. Para tentar provar que a alma existe e tem peso, o médico americano
Duncan MacDougall, de Massachusets, pesou seis pessoas antes e depois de
morrerem e constatou que o ponteiro da balança quase sempre caía.
O
instrumento de trabalho de MacDougall era como uma enorme balança de dois
pratos. De um lado, ficava o paciente em estado terminal, deitado em uma cama.
Do outro, o doutor colocava pesos equivalentes.
A primeira
cobaia do doutor foi um homem com tuberculose, que ficou sob observação durante
3 horas e 40 minutos. Nesse tempo, ele perdeu peso aos poucos, em média 28
gramas por hora. E, de repente, o sujeito morreu. Segundo o médico, o prato da
balança subiu, registrando a perda dos famosos 21 gramas. “No instante em que a
vida parou, o lado oposto caiu tão rápido que foi assustador”, disse o médico
ao jornal The New York Times.
Mas o peso
registrado nos outros pacientes foi diferente. O segundo teria perdido 46
gramas. O terceiro, 14 gramas e, alguns minutos depois, mais 28. Com outro, o
ponteiro da balança desceu e depois subiu de novo. Segundo o médico, a
diferença tinha a ver com o temperamento de cada um. “Um dos homens era
apático, lento no pensamento e na ação. Nesse caso, acredito que a alma ficou
suspensa no corpo, depois da morte, até se dar conta de que estava livre.”
Para
comprovar sua teoria, MacDougall fez o mesmo teste com 15 cachorros e nenhum deles
teria perdido um grama sequer. Conclusão: homens têm alma, cachorros não. Será
que existe alguma verdade nos estudos de MacDougall? “Não”, afirma o autor do
livro Morte ao Pó: O que Acontece com os Cadáveres?, Kenneth V. Iserson, da
Universidade do Arizona.
Iserson
chama a atenção para o fato de o ar ter peso, coisa que MacDougall não levou em
conta, e diz que não existe “o” momento da morte. “O processo pode se esticar
por dias ou semanas.” Mesmo com todas essas contradições, MacDougall é
conhecido até hoje pelo seu experimento dos 21 gramas. No dia 16 de outubro de
1920, o The New York Times anunciava sua morte com o título “Ele pesou a alma
humana”.