30/01/2015
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abertura de processo / compartilhamento presencial / pequena ocupação / dança curta e improvisada / registro / zoom / fotos da Camilla Loreta
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23.01.15
anotações do Daniel
1. Acompanho de perto o trabalho da Érica já há muitos anos, sempre conversamos muito sobre as possibilidades de cada pesquisa. Agora, em SEGUINTE, confesso que ainda não consegui encontrar uma direção que oriente a produção de uma trilha, mas sigo refletindo sobre o corpo/dança perseguido. Outro dia conversamos sobre os solos anteriores, sobre as semelhanças e as diferenças de cada um no que se refere à relação entre música e movimento, ou melhor dizendo, entre a trilha e o movimento. Parece necessário essa distinção entre música e trilha, entre som, música, trilha.
2. Como pensar na relação da trilha com a dança quando o corpo precisa ouvir mais o corpo, o interior do corpo, seus sons internos e os movimentos que partem dele?
3. Melhor refletir sobre o quê vejo, sobre a dança que vejo. É uma pesquisa, não preciso compor uma trilha, preciso é continuar refletindo junto com ela sobre o corpo dançante que começa a se configurar.
4. Hoje assisti novamente um trecho da última prática, chama atenção como parece cada vez mais serena, sem pressa de coisa alguma. A respiração sutil, mas sempre aparente, confrontando o dentro e o fora. Corpo denso, lentidão, os olhos sempre fechados, mergulho. Infinito na limitação do corpo, movimento latente, gravidade latente. Nenhum salto ou enfrentamento explosivo, tudo sereno, denso e contínuo.21/01/2015
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Das coisas que a gente lê e que dão uma chacoalhada
Das que trazem mais perguntas do que respostas
O nexo coreográfico implica uma continuidade de fundo da circulação da energia, ainda que, à superfície, se choquem séries, ou se separem, ou se quebrem. De fato, uma coreografia comporta múltiplos estratos de tempo e de espaço. A continuidade de fundo, enquanto estrato de agenciamento de todos os estratos, garante o nexo, a lógica própria da composição de todos os movimentos.
Porque, como diz Cunningham, uma dança "é uma coisa que é justamente a coisa que aqui está", qualquer coisa do nexo da obra continua a escapar-nos; qualquer coisa que escapa à linguagem porque a dança não é uma linguagem.
Francis Sparshott dá 18 razões para recusar à dança o estatuto de uma linguagem. Basta que evoquemos aqui uma, decisiva: é impossível recortar, nos movimentos do corpo, unidades discretas comparáveis aos fonemas da língua natural. Seja como for que recortemos a massa dos movimentos corporais (por planos, por volumes, por traços-signos - como na notação Laban), esbarraremos sempre num fato irredutível: o deslizar de umas para as outras ou a sobreposição das unidades recortadas impede que tracemos uma fronteira nítida entre dois movimentos corporais que "se articulam".
Esta sobreposição, que se liga essencialmente ao fato de as articulações do esqueleto fazerem interferir músculos e tendões cujo movimento compromete, por seu turno, outros ossos além dos que presumivelmente se moveriam, torna impossível essa "primeira articulação" necessária à formação da linguagem. Não há "gestemas" discretos, comparáveis aos monemas nem unidades inseparáveis não significativas, como fonemas. Daí a inexistência de uma "dupla articulação" de uma linguagem do corpo, à maneira da linguagem falada.
(MOVIMENTO TOTAL - O corpo e a Dança, José Gil)
20/01/2015
18/01/2015
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Do diário do hospital
De onde, talvez, meu interesse por cada curva e
quina do corpo
De onde, talvez, minha dança de poucamuita ação
Estou sempre sentada
ao lado dele. Nunca pensei que estar sentada ao lado de alguém seria a coisa
mais importante que eu faria na vida. Observo cada
detalhe, rezo, medito, peço que os anjos o protejam e também que o Deus que há
nele brilhe cada vez mais.
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Não sei bem como aconteceu, mas deixou de existir só o nosso bebê na UTI. Acompanho mães e bebês mais de perto agora, em situações das mais impressionantes, e sofro, rezo e torço por todos eles. É estranho, mas a capacidade de adaptação do ser humano é incrível, impressionante mesmo. Otto se adaptou aos mais cruéis procedimentos, muitos bebês se adaptam, os pais se adaptam às internações dos seus filhos, às mais difíceis situações psicológicas. Todos pensam e veem a morte. Os adaptados, seguem vivos.
15/01/2015
14/01/2015
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Entre parênteses
Em julho de 2014 rompi o ligamento cruzado anterior do
joelho, o LCA. Foi durante um ensaio, na queda de um salto. O nascimento
prematuro do Otto, a doença que ocasionou o nascimento, o afastamento brusco da
dança, o despreparo físico pra voltar, o destino... tudo isso pode ter
ocasionado o acidente, mas, neste caso, prefiro pensar pra frente. Em setembro,
passei por uma cirurgia de reconstrução do ligamento, quando um pedaço do
tendão semitendíneo foi extraído e colocado no lugar do LCA. Tudo correu bem e
tenho tido uma boa recuperação. Não vou mentir, dói, dói de verdade,
principalmente porque tenho que forçar o novo ligamento, bem mais rígido, a
fazer os movimentos que o anterior fazia. Mas não foi o fim da minha carreira,
como me “ofertou” um médico. E sigo,
seguinte, dialogando com o que se mostra possível.
04/01/2015
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Quando a gente não separa o pessoal do profissional, tudo bem
ter um feriado de natal e ano novo no meio do processo. Você pode conversar sobre outras coisas ou relacionar todas as outras coisas com aquilo que você
está fazendo profissionalmente, você escolhe. Ou melhor, sente acontecer. De
tudo, o mais bonito, e instigante, foi ver meu filho dançar. A passagem da caminhada pra uma dança, as pontas dos pés, as mãos no ar e o documentário sobre danças flamecas na tv. Pra mim, a confirmação
de que não há começos, de que o movimento flui.
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